domingo, 20 de março de 2016

SESSÃO 05: Fichamentos de Luciano Silva

Texto: BENSEÑOR IM. Anamnese, exame clínico e exames complementares como testes diagnósticos. Rev. Med., 4:236-241, 2013.

“As principais ferramentas de que o médico dispõe para fazer o diagnóstico do paciente são anamnese e exame clínico.” (p. 236)
“O exame de laboratório ou de imagem, sempre traz informação sobre a sensibilidade e a especificidade do método; mas não se costuma ensinar a sensibilidade e a especificidade de dados de anamnese ou de manobras do exame clínico.” (p. 236)
“Na época, ao ser encaminhado para uma unidade de referência no serviço de saúde inglês, o paciente era submetido a uma série de exames de rotina que incluíam hemograma e urina I, entre outros, sempre com resultados negativos e levando ao aumento dos custos. A conclusão do estudo é que não se deve pedir uma lista fixa de exames e sim, solicitar os exames complementares em função da queixa” (p.236)
“De forma geral, quando nos ensinam sobre um exame de laboratório ou de imagem, sempre recebemos a informação sobre a sensibilidade e a especificidade doTeste; mas quando pensamos em um dado de anamnese ou de alguma manobra do exame clínico nunca temos essa informação embora tanto os dados da anamese quanto os dados do exame clínico também tenham suas respectivas
Sensibilidade e especificidade. Isso de uma forma geral não é ensinado no curso médico”. (p.237)
“Na década de 90 foi iniciado um movimento a favor da implementação de uma metodologia científica rigorosa aos estudos diagnósticos com avaliação de todas as informações da anamese e manobras do exame físico na atenção primária, secundária e terciária” (p. 237
“David Sackett6 que foi o principal criador dessa iniciativa afirma que a anamnese e o exame físico dão ao médico todas as ferramentas de que ele necessita para Fazer o diagnóstico, permite que sejam afastadas hipóteses diagnósticas, e permite ainda a identificação de pacientes em estágios iniciais de doenças que poderiam levar a morte. Além disso, tirar uma história e realizar um exame físico são elementos venerados da arte da medicina, sendo a melhor série de testes diagnósticos que já existiram permite ainda a identificação de pacientes em estágios iniciais de doenças que poderiam levar a morte. Além disso, tirar uma história e realizar um exame físico são elementos venerados da arte da medicina, sendo a melhor série de testes diagnósticos que já existiram.” (p. 237)
“(...) há dois séculos atrás, ciência e arte se misturam e se completam” (p. 237) outros autores têm publicado artigos avaliando de forma científica a arte da Anamnese e do exame físico em várias áreas médicas, mas ainda são poucos os estudos nessa área “(p. 238)
“Não existe nenhum conflito entre a anamese, o exame clínico e os exames complementares. Todos tem seu papel na investigação diagnóstica. Mas há sim uma
Ordenação que deve ser mantida e começar pela anamese terminar pelos exames complementares. A interpretação das informações coletadas na anamnese e no exame clínico como testes diagnósticos refina o papel desses componentes da investigação clínica em relação ao diagnóstico final Saber que a percussão do baço tende a ser positiva (teste falso-positivo) no paciente que acabou de se alimentar por causa do estômago cheio e não porque o baço está realmente aumentado, auxilia na investigação diagnóstica. Antes de pedir um exame de ultrassonografia para confirmar o diagnóstico de esplenomegalia, talvez seja melhor fazer a percussão no dia seguinte com o paciente em jejum. Outra questão é a da priorização dos exames complementares para quem tem mais necessidade. Os gastos com saúde são finitos
e limitados ao orçamento de prefeituras, estados e do país como um todo. Mesmo em um hospital terciário há restrições a realização desses exames causada pela grande procura e o número de aparelhos e de operadores disponíveis. A utilização desse tipo de ferramenta permite uma priorização dos pacientes que mais precisarão do exame complementar, e como consequência, leva a um melhor gerenciamento do
Sistema de saúde como um todo”( p.240)


Texto: As Diretrizes brasileiras no manejo da tosse crônica - J. bras. pneumol. vol.32  suppl. 6 São Paulo Nov. 2006: 403-410. Acesso em: http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132006001000002.

“A tosse constitui um sintoma de uma grande variedade de patologias, pulmonares e extrapulmonares e por isto mesmo é muito comum, sendo, com certeza, uma das maiores causas de procura por atendimento médico. Este sintoma produz impacto social negativo,
Intolerância no trabalho e familiar, incontinência, constrangimento público e prejuízo do
Sono, promovendo grande absenteísmo ao trabalho e escolar, além de gerar grande custo em exames subsidiários e com medicamentos”. ( p.403)
“Os principais benefícios da tosse são: eliminação das secreções das vias aéreas pelo aumento da pressão positiva pleural” (p,403)
“O ato de tossir está sob controle voluntário e involuntário, e consiste das fases inspiratória, compressiva e expiratória, seguindo-se a fase de relaxamento”. (p. 403)
“O reflexo da tosse envolve cinco grupos de componentes: receptores de tosse, nervos aferentes, centro da tosse, nervos eferentes e músculos efetores” (p.403).
“Até hoje não se conhece o local exato do centro da tosse.O centro da tosse pode estar presente ao longo de sua extensão, já que ainda faltam evidências significativas capazes de definir sua localização precisa no encéfalo”) (p.404)
“Apesar da falta de estudos prospectivos com grande casuística, a experiência clínica indica que as maiores causas de tosse aguda são as infecções virais das vias aéreas superiores, em especial o resfriado comum, e das vias aéreas inferiores, com destaque para traqueobronquites agudas. Outras causas comuns são as sinusites agudas, exposição a alérgenos e irritantes, e exacerbações de doenças crônicas como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e rinossinusites. Além dessas entidades com baixo risco de complicações outras doenças potencialmente graves como pneumonias, edema pulmonar por insuficiência ventricular   esquerda, embolia pulmonar e exacerbações graves de asma e DPOC podem manifestar-se com tosse aguda e, ao contrário das causas anteriores, necessitam de intervenção precoce devido ao risco de complicações” (p,404) 
“A inflamação da mucosa brônquica tem sido confirmada também por biópsia nos portadores de tosse crônica sem correlação com as etiologias mais comuns, como asma, doença do refluxo gastresofágico, síndrome do gotejamento pós-natal, bronquite crônica, bronquiectasias ou uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina” (p, 405)
“Destarte, a fisiopatologia da tosse crônica reúne um grupo de anormalidades que interferem no delicado arco reflexo, ativando receptores de fibras aferentes, notadamente relacionadas ao nervo vago” (p.405).
“Ressaltamos que a compreensão dos mecanismos fisiopatológicos auxilia na realização do diagnóstico diferencial dentre as diversas causas de tosse, bem como no estabelecimento do planejamento terapêutico, o que favorece a obtenção de melhores respostas clínicas” (p. 405).
“Apesar da falta de estudos prospectivos com grande casuística, a experiência clínica indica que as maiores causas de tosse aguda são as infecções virais das vias aéreas superiores, em especial o resfriado comum, e das vias aéreas inferiores, com destaque para as traqueo bronquites agudas Outras causas comuns são as sinusites agudas, exposição a alérgenos e irritantes, e exacerbações de doenças crônicas como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e rinossinusites.” ( p. 406)
“O diagnóstico é altamente sugestivo em pacientes com doença das vias aéreas superiores caracterizada predominantemente por tosse, sintomas nasais como minoria mucosa ou hialina, espirros, obstrução nasal e drenagem pós-nasal de secreções, concomitantes a lacrimejamento, irritação da garganta, ausculta pulmonar normal, com ou sem febre.” ( p.406)
“Na etiologia estão envolvidos mais de 200 vírus, em especial rinovírus, coronavírus, para influenza, vírus respiratório sincicial, adenovírus e enterovírus” (p. 406).
“Os anti-histamínicos de primeira geração associados a descongestionantes de longa duração são Os medicamentos mais eficazes para o tratamento. Antitussígenos periféricos, expectorantes e mucolíticos têm pouco valor no tratamento da tosse aguda. Os antibióticos não devem ser usados de rotina, apesar da grande dificuldade de diferenciação entre resfriado e sinusite bacteriana, e desta complicar o resfriado em 1% a 5% dos casos” (p.406)
“A traqueobronquite aguda é responsável por mais de 10 milhões de consultas médicas por ano
Nos EUA. Apesar de todos os avanços na área da saúde, persiste como um dos maiores motivos de uso desnecessário de antibióticos” (p.406).
“A etiologia é viral na maioria dos casos, especialmente por influenza A e B, parainfluenza e vírus respiratório sincicial. Em menos de 10% das bronquites agudas são identificadas bactérias e nestes casos as mais comuns são o Mycoplasma pneumoniae, Chlamydophila pneumoniae e ocasionalmente a Bordetella pertussis.” (p. 406)
“Quanto ao tratamento, não existe medicação eficiente para a tosse da bronquite aguda Os antitussígenos têm pequeno efeito e os mucolíticos não são indicados. (16) Bronco dilatadores podem ser úteis se houver indícios clínicos ou funcionais de obstrução do fluxo aéreo” (p. 407)
“A rinossinusites aguda viral é pelo menos vinte vezes mais frequente do que a bacteriana e ambas são causas comuns de tosse aguda O acometimento dos seios da face é comum nos resfriados, gripes e exacerbações das rinites. A rinossinusites bacteriana complica de 1% a 5% das infecções virais de vias aéreas superiores. A suspeita de rinossinusites bacteriana deve
Ocorrer quando os sintomas de uma virose das vias aéreas superiores pioram após o quinto dia ou persistem por mais de dez dias. A presença de dois ou mais sinais maiores ou de um sinal maior e dois menores são altamente sugestivos de sinusite aguda. (21-22) São sinais maiores:
Cefaleia, dor ou pressão facial, obstrução ou congestão nasal, secreção nasal ou pós-nasal purulenta, hiposmia ou anosmia, e secreção nasal ou pós-nasal purulenta ao exame. São sinais menores: febre, halitose, odontalgia, otalgia ou pressão nos ouvidos e tosse” (p. 407)
“Não há necessidade de tratamento da sinusite viral que apresenta sintomas leves e resolução espontânea. Para as sinusites bacterianas preconiza-se amoxicilina por sete a dez dias. Dependendo da resistência local, evolução e uso prévio de antibióticos, podem ser usados amoxicilina com clavulanato, clavulanato, macrolídeos, cefalosporina de segunda geração
e até quinolonas respiratórias (moxifloxacina e levofloxacina).(23) A solução salina isotônica
Ou hipertônica e os vasoconstrictores sistêmicos podem ser usados por poucos dias. Os corticosteroides orais devem ser reservados para casos mais graves, com grande edema das mucosas e por curto período de tempo, inferior a sete dias” (p.407).
O diagnóstico da gripe não é difícil quando o paciente apresenta síndrome aguda caracterizada
Por manifestações constitucionais como febre alta, calafrios, prostração, fadiga, mialgia, cefaleia, sintomas de vias aéreas superiores e inferiores, com destaque para tosse e coriza, e sintomas oculares como lacrimejamento, fotofobia e hiperemia das conjuntivas. Em algumas situações pode ser difícil diferenciar a gripe da sinusite bacteriana aguda e pneumonia, principalmente quando há rinorréia e/ou expectoração purulenta. Em caso de dúvida, Deve-se realizar hemograma, dosagem de proteína-C e exames de imagens para esclarecimento do diagnóstico. As causas mais importantes da gripe são os vírus influenza A e B, especialmente em surtos epidêmicos.O tratamento é fundamentalmente sintomático, com hidratação oral e uso de antitérmicos e analgésicos. Anti-histamínicos de primeira geração associados a descongestionantes podem ser úteis nos casos de tosse com drenagem pós-nasal. Antitussígenos
e anti-inflamatórios têm pouco valor terapêutico.” ( p.407)

“Na avaliação de pacientes com tosse aguda é fundamental pesquisar a exposição a fatores alérgico, ambientais ou ocupacionais que tenham relação temporal com o início ou piora da tosse.O afastamento da exposição, quando não houver doença respiratória pré-existente, como asma ou rinite, pode tornar desnecessário o uso de medicamentos para controle dos sintomas” (p.408).
“É essencial identificar o uso de medicamentos capazes de causar tosse como os inibidores da enzima conversora da angiotensina (captopril, enalapril, etc.) e os betabloqueadores. Os primeiros, por causarem tosse irritativa, sem expectoração em 10% a 20% dos seus usuários, que geralmente é diagnosticada antes de três semanas de uso. E os β-bloqueadores, inclusive na forma de colírios, por piorarem a obstrução das vias aéreas de pacientes com asma ou DPOC, e causarem tosse com ou sem dispneia e chiado. Em geral, a tosse causada por medicamentos
Melhora em poucos dias após a suspensão dos mesmos. Quando necessário, deve-se utilizar broncodilatadorese/ou corticosteroides.” (p.408)
“As doenças potencialmente graves, como pneumonia, edema pulmonar cardiogênico, crise grave de asma ou DPOC, e embolia pulmonar, geralmente não são difíceis de serem diagnosticadas quando causam tosse, uma vez que raramente se manifestam isoladamente por este sintoma. O sucesso do manejo depende da instituição de propedêutica adequada e terapia específica para cada doença.” ( p. 408)
“Segundo a diretriz norte-americana, uma das causas mais comuns de tosse subaguda é a tosse
Pós-infecciosa, ou seja, aquela que acomete pacientes que tiveram infecção respiratória recente e não foram identificadas outras causas. Uma vez afastada a etiologia pós-infecciosa, o manejo será o mesmo da tosse crônica” (p.408)
 “O diagnóstico é realizado por exclusão, e devem ser considerados três aspectos fundamentais: tosse com duração superior a três e inferior a oito semanas; avaliação clínica detalhada sem identificação de uma causa; história de infecção das vias aéreas nas últimas três semanas.” (p.408)
“Quatro estudos longitudinais documentaram que a tosse constitui uma das causas mais
Importantes de subversão da qualidade de vida humana” (p. 410).

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