domingo, 24 de abril de 2016

SESSÃO 10: Investigação na Internet sobre lógica

INTRODUÇÃO

      O ser humano sempre se questionou sobre a veracidade dos fatos e sobre como construir uma ideia que fosse aceita e perpetuada por toda a História. O pensar humano sempre foi uma ferramenta fundamental para a sua sobrevivência e, esta ferramenta garantiu os subsídios para a perpetuação de culturas, práticas, avanços e evoluções.
A estrutura organizacional do pensamento foi tema de várias indagações de filósofos desde os tempos mais remotos. E cada um deles com suas crenças e concepções buscaram fundamentar suas ideias acerca da peça fundamental para o pensar humano, assim como, organizar este pensar em estratégias que garantissem uma maior confiabilidade e veracidade na estruturação dos raciocínios e nas conclusões alcançadas.
Nesta perspectiva, insere-se a lógica, peça fundamental para a estruturação do pensar, a qual permite organizar ideias, e inferir sobre possíveis conclusões acerca de fatos (CHAUÍ, 2002). E esta lógica pode ser subdividida a depender dos tipos de raciocínios que embasem a construção do pensamento e a busca por definições. Assim, a lógica pode ser dedutiva, indutiva, hipotético-dedutiva ou abdutiva. E neste âmbito, o objetivo desta pesquisa foi realizar pesquisas bibliográficas acerca dos diferentes tipos de lógica, caracterizando-as, no intuito de garantir uma ampliação de conhecimento e uma maior assimilação de aprendizado.


A metodologia utilizada foi a de busca de referencial teórico em banco de dados acerca das temáticas abordadas neste estudo. Desta forma, foram feitas buscas bibliográficas no Google Acadêmico, utilizando como variáveis os termos: lógica, lógica dedutiva, lógica indutiva, lógica hipotético-dedutiva, e lógica abdutiva.

LÓGICA


Quando pensamos no termo “lógica” sempre nos remetemos a associações com filósofos, interpretações da realidade, a estrutura do pensamento e a percepção do que é verdadeiro ou não; deste modo, a lógica foi classificada como uma ciência que estuda os raciocínios. A origem da lógica remete-se a Grécia Antiga, sendo utilizada pelos estoicos, por Alexandre de Afrodisia e por Aristóteles (CHECCHIA, 2004).
Aristóteles empregou a lógica em seus escritos, no entanto, ele não a classificava como ciência, visto que não era um conhecimento teórico ou prático de um objeto. Neste âmbito, não havia uma referência entre a lógica e os conteúdos, mas sim uma associação entre as formas de pensar ou de se estruturar o raciocínio em prol de alguma demonstração. Assim, há uma busca por fatores que constituam as estruturas do pensar e das linguagens, alicerçando suas maneiras de operar e relacionar entre si. Nesta perspectiva, a lógica infere sobre normas que seriam ideais para estruturar os pensamentos e aplica-los em pesquisas que busquem demonstrar a verdade, caracterizando-a como um instrumento que compõe as ciências, visto que permite a formulação de ideias e proposições, estruturação do raciocínio, permitindo provas e demonstrações, o que infere sobre os passos que uma ciência deve seguir para obter resultados válidos (CHAUÍ, 2002).
A partir do século XVII foi possível associar de forma mais evidente a linguagem com a lógica, e Leibniz é um grande exemplo disso, pois utilizando a álgebra inferiu que não é possível separar a lógica da linguagem. Na álgebra, Leibniz demonstrou que a ausência de ambiguidades na linguagem transmite a ideia desejada e é compreendida por todos, independentemente do idioma de origem, visto que os símbolos são universais. Assim, Leibniz com sua linguagem simbólica possibilitou evidenciar a clareza do pensar nas suas demonstrações (CHAUÍ, 1997).
Outros filósofos também contribuíram para a assimilação desse ideal de associar os significados das coisas, sem ambiguidades, garantindo a sistematização e a organização de ideias. No século XIX, houve a concretização de uma lógica inspirada em linguagens sem ambiguidades. Vários autores, posteriormente, foram contribuindo para a alteração da lógica sob a visão aristotélica, para uma lógica constituída de concepções de proposições lógicas (CHECCHIA, 2004).


A lógica dedutiva surgiu na Grécia Antiga baseada no silogismo de Aristóteles. Esta lógica baseia-se na dedução das ideias apresentadas, e a partir delas, chega-se a uma conclusão, e esta pode ser tanto verdadeira quanto falsa. A lógica dedutiva baseia-se no raciocínio dedutivo, e este parte do geral para o particular (FERRARI, 1974).
Para Karl Popper a lógica dedutiva é importante para a ciência, visto que ela permite a transmissão da verdade, a retransmissão da falsidade e a não retransmissão da verdade. A lógica dedutiva permite inferir sobre a verdade, visto que se a conclusão é verdadeira, todas as premissas também serão verdadeiras. A conclusão será uma retransmissão da falsidade se uma das premissas for falsa. A conclusão não será retransmissora da verdade, se houver uma ou mais premissas falsas. Um exemplo de raciocínio dedutivo: premissa maior é que todos os “A” são “B”, premissa menor é que “X” é “A”, portanto, a conclusão dedutiva será que “X” é “B” (SILVEIRA, 1989).


A lógica indutiva é diferente da lógica dedutiva, visto que, esta se baseia no raciocínio indutivo, defendido por vários filósofos, como por exemplo Bacon. Este raciocínio é ascendente, ou seja, ele inicia-se no caso particular para se alcançar a conclusão, isto é, parte do particular para o geral. Neste âmbito, a conclusão é a generalização de dados particulares (FERRARI, 1974).
A ciência fundamentada em raciocínio indutivo baseia-se no princípio da indução. Um bom exemplo de raciocínio indutivo: Se há uma grande variedade de “A” sendo observado sob uma ampla variedade de condições, se todos esses “A” observados possuem “B”, portanto a conclusão indutiva será que todos os “A” possuem “B”, sendo esta conclusão científica alicerçada pela indução e construída pela observação (CHALMERS, 1993).

LÓGICA HIPOTÉTICO-DEDUTIVA


O filósofo Karl Popper era contrário ao raciocínio indutivo, e nesta perspectiva, propôs o raciocínio hipotético-dedutivo baseado na lógica hipotético-dedutiva. Este raciocínio é bastante aceito nas ciências naturais, e pode ser explicado da seguinte forma: inicialmente escolhe-se algum problema ou alguma ausência de explicação em algum conhecimento científico, em seguida formulam-se hipóteses para explicar tal problema ou situação, posteriormente, por inferência dedutiva testam-se as ocorrências dos fenômenos e a seleção da hipótese mais apropriada (GIL, 1994; DIAS & FERNANDES, 2000).
Segundo Dias & Fernandes (2000) a pesquisa baseada em método hipotético-dedutivo apresenta uma abordagem clara e precisa, visto que a partir da seleção do problema que se deseja estudar, adiciona-se a pesquisa fontes de conhecimentos sobre o assunto, e após esta fase de preparação, o pesquisador inicia a etapa de observação, na qual, ele testa os modelos simplificados propostos em um determinado aspecto. Em seguida, hipóteses são formuladas baseadas nas descrições observadas, sendo utilizadas para elaboração de prognósticos, e estes poderão ser comprovados ou não por intermédio de testes, procedimentos, experimentos, ou até mesmo observações mais elaboradas. Após a obtenção dos resultados dos experimentos, as hipóteses podem ser alteradas e com isso outro ciclo de raciocínio será iniciado, e caso não haja nenhuma discrepância entre os modelos propostos e os experimentos ou observações, teorias podem ser elaboradas sobre o assunto estudado.

LÓGICA ABDUTIVA


A lógica abdutiva rege o raciocínio abdutivo, e este está associado ao pensamento criativo, o qual permite a criação, alteração e expansão de um domínio de crenças compreendidas como um hábito. Em termos gerais, a mente criativa ao se deparar com problemas, associa os fatores com domínio de crenças disponíveis, e com isso, dúvidas e surpresas alicerçam na busca por hipóteses plausíveis que poderiam explicar ou solucionar tais problemas (GONZALEZ & HASELAGER, 2002).
Neste âmbito, segundo Peirce, os processos para este raciocínio abdutivo é o seguinte: o sentimento de dúvida ou de surpresa resultante de um problema alicerça o pensamento criativo, este sentimento de dúvida ou de surpresa estimulam a mente a buscar explicações em crenças bem estabelecidas ou abalar tais crenças, a ponto de estimular a mente a buscar e/ou formular crenças. Assim, hipóteses que busquem explicar os processos podem alterar a percepção da situação em estudo. Um exemplo desse raciocínio: um fato “C” surpreendente é observado, formula-se uma hipótese “A” para explicar, a hipótese “A” sendo verdadeira explica o fato “C”, sendo assim, suspeita-se que a hipótese “A” seja verdadeira. A inferência abdutiva não proporciona uma garantia absoluta sobre a validade das hipóteses, mas proporciona uma tentativa de elucidar a mente acerca das dúvidas geradas pela situação problema (GONZALEZ & HASELAGER, 2002).
  

CONSIDERAÇÕES FINAIS


Esta pesquisa bibliográfica proporcionou um aprendizado acerca dos diferentes tipos de lógicas e a aplicabilidade para cada uma delas. Sendo a lógica, em termos gerais, a ciência dos raciocínios, a qual permite a formulação de vários raciocínios a depender do método que se deseja utilizar para alcançar a definição e/ou explicação de um fato. A lógica dedutiva parte de uma ideia geral para formular uma ideia particular; a lógica indutiva parte de uma ideia particular para formular uma ideia geral; a lógica hipotético-dedutiva busca a explicação para um problema a partir de hipóteses, que por inferência dedutiva, são testadas e selecionadas; e a lógica abdutiva associa-se ao pensamento criativo permitindo a criação, alteração e expansão de crenças.


CHALMERS, AF. O que é ciência afinal? Editora Brasiliense, 1993.

CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1997.

CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

CHECCHIA, MA. Considerações iniciais sobre lógica e teoria lacaniana. Psicologia USP, 15: 321-338, 2004.

DIAS, C & FERNANDES, D. Pesquisa e métodos científicos. Res Con Cien, 1-10, 2000.

FERRARI, AT. Metodologia da ciência. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974.

GIL, AC. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994.

GONZALEZ, AEQ & HASELAGER, WFG. Raciociocínio Abdutivo, Criatividade e Auto-organização Raciociocínio Abdutivo, Criatividade e Auto-organização Abductive reasoning, creativity and self-organization. Cognitio, 22-31, 2002.

SILVEIRA, FL. A filosofia de Karl Popper e suas implicações no ensino da ciência. Cad Cat Ens Fís, 6 (2): 148-162, 1989.


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