segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

SESSÃO 01: BUSCA INTERNET II --> DIFERENCIANDO TIPOS DE ENFERMIDADE


  •   ENFERMIDADE 
“Enfermidade como o que o paciente sente quando ele vai ao médico e doença como o que o paciente tem ao voltar para casa do consultório médico. Doença, então, é algo que um órgão tem; enfermidade é algo que um homem tem. Enfermidade se refere à resposta subjetiva do paciente ao fato de não estar bem; como ele e aqueles ao seu redor percebem a origem e o significado desse evento; como isso afeta seu comportamento ou relacionamentos com outras pessoas; e os passos que ele toma para remediar essa situação” (Helman & Middlesex, 2009, pg. 120).

  •   ENFERMIDADE POR CURSO CLÍNICO:

DOENÇA AGUDA:
“Aquela cujos sintomas evoluem rapidamente, com características mais ou menos violentas, atingindo logo um estado crítico a que, em geral, se segue a recuperação ou a morte” (Michaelis, 2016).

 DOENÇA CRÔNICA:
“Aquela que, no início, apresenta sintomas pouco perceptíveis, evoluindo lentamente, com longa duração e terminando, em geral, com a morte” (Michaelis, 2016).

“As doenças crônicas compõem o conjunto de condições crônicas. Em geral, estão relacionadas a causas múltiplas, são caracterizadas por início gradual, de prognóstico usualmente incerto, com longa ou indefinida duração. Apresentam curso clínico que muda ao longo do tempo, com possíveis períodos de agudização, podendo gerar incapacidades. Requerem intervenções com o uso de tecnologias leves, leve-duras e duras, associadas a mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo que nem sempre leva à cura” (Brasil, 2013, pg. 5).
  
 DOENÇA RECORRENTE:
“Recidiva pode ser definida como o reaparecimento da doença no sítio da doença anterior (recorrência) e/ou em novos sítios (extensão) após uma terapia inicial e uma resposta completa” (Yahalom et al., 2000, pg. 1291).

 DOENÇA INTERMITENTE: 
“Que tem interrupções ou sofre intermitências; que para durante intervalos. Diz-se da febre que se manifesta por acessos intervalados” (Michaelis, 2016). 

  •  ENFERMIDADE POR FATOR ETIOLÓGICO:

 DOENÇA INFECCIOSA:
“Quando o agente infeccioso penetra, multiplica-se ou desenvolve-se no hospedeiro, sem causar danos nem manifestações clínicas, considera-se a infecção subclínica, inaparente ou assintomática. Outras vezes, porém, por ação mecânica, por toxinas, por reação inflamatória ou hipersensibilidade ocorre o conflito parasito-hospedeiro, com destruição tissular e manifestações clínicas e patológicas, caracterizando a doença infecciosa” (Biblioteca Virtual em Saúde, 2016).

 DOENÇA DEGENERATIVA:
“São doenças progressivas e que interferem na qualidade de vida de seus portadores” (Fowler & Sá, 2009, pg. 225).

 DOENÇA NEOPLÁSICA:
“Processo patológico de crescimento celular descontrolado, que resulta na formação de tumor. Que se refere a neoplasia. Que apresenta neoplasia” (Michaelis, 2016).

DOENÇA METABÓLICA:
“São doenças que afetam todo o organismo e podem se manifestar em qualquer faixa etária (...) Os erros inatos do metabolismo (EIM) são distúrbios de natureza genética que geralmente correspondem a um defeito enzimático capaz de acarretar na interrupção de uma via metabólica. Ocasionam, portanto, alguma falha de síntese, degradação, armazenamento ou transporte de moléculas no organismo. Tais erros do metabolismo são considerados a causa das Doenças Metabólicas Hereditárias (DMH) em que a ausência de um produto esperado, acúmulo de substrato da etapa anterior interrompida ou o surgimento de uma rota metabólica alternativa podem levar ao comprometimento dos processos celulares” (El Husny & Fernandes-Caldato, 2006, p. 41).

 DOENÇA TÓXICA:
“São síndromes que têm como agente uma toxina ou uma substância química. A presença de substâncias químicas tóxicas, como os pesticidas, pode ser consequência de uso indevido na produção primária de vegetais e animais. Produtos tóxicos, como os resíduos de drogas veterinárias, medicamentos antiparasitário, antibióticos e determinadas classes de hormônios não tolerados podem causar intoxicação, por falha na aplicação e no cumprimento do período de carência. Os contaminantes inorgânicos (metais pesados, como mercúrio, chumbo e cádmio) podem estar presentes como consequência de seu uso na composição de alguns pesticidas ou por dejetos industriais e de mineração no meio ambiente” (Gava et al., 2008, pg. 130).

 DOENÇA GENÉTICA:
“Genetic diseases are caused by abnormalities in a person’s DNA. These can be as simple as a single nucleotide mutation in a single gene, or as complex as deletions and rearrangements of parts of or entire chromosomes” (Hentze & Muckenthaler, 2009, pg. 53).

“Doenças genéticas são causadas por alterações no DNA dos indivíduos. Estas alterações podem ser simples, como uma mutação em um único nucleotídeo em um gene, ou complexas, como deleções e rearranjos de partes cromossômicas ou de cromossomos inteiros”.

 DOENÇA PSICOGÊNICA:
“O termo ‘psicogênico’ deriva do grego e significa “criado pela alma”. De fato, nos distúrbios de natureza psicogênica, não se encontra nenhuma lesão estrutural ou alteração neuroquímica conhecida. Portanto, trata-se de um desafio tanto diagnóstico quanto terapêutico” (Rosso et al., 2010, pg. 51).

 DOENÇA IDIOPÁTICA:
“Afecção que tem causa desconhecida e da qual se diz ser gerada por si mesma” (Michaelis, 2016).

“Terão causa indefinida após uma investigação detalhada” (Criado et al., 1999, pg. 349).

  •  OUTROS: 
 DOENÇAS NEGLIGENCIADAS
O significado original de “não escolhida”, “não lida”, foi absorvendo mudanças e, hoje, carrega a interpretação de “menosprezo”, “pouca atenção” e “descaso”. Essas doenças não despertam o interesse da indústria farmacêutica, por falta de demanda e não recebem para sua pesquisa e estudo, um apoio significativo. É uma situação “viciosa”, o menos conceituado por falta de conhecimento justificando o menos conhecido por falta de recursos” (Souza, 2010, pg. X).

DOENÇAS SISTÊMICAS
“São doenças internas” (Criado et al., 1999, pg. 349).

“Que afetam o organismo como um todo ou grande parte dele” (Michaelis, 2016).

DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS EMERGENTES E REEMERGENTES
“Doenças transmissíveis emergentes são as que surgiram, ou foram identificadas, em período recente ou aquelas que assumiram novas condições de transmissão, seja devido a modificações das características do agente infeccioso, seja passando de doenças raras e restritas para constituírem problemas de Saúde Pública. Reemergentes, por sua vez, são as que ressurgiram, enquanto problema de Saúde Pública, após terem sido controladas no passado” (Brasil, 2005, pg. 16).

DOENÇAS TROPICAIS
“A designação se refere a doenças infecciosas que proliferam em condições climáticas quentes e úmidas” (Camargo, 2008, pg. 95).

DOENÇAS AUTOIMUNES
“As doenças autoimunes são causadas por uma resposta inadequada do sistema imune, que passa a reagir contra órgãos, tecidos ou células próprias, levando à sua destruição ou prejudicando sua função adequada” (Bueno & Silva, 1999, pg. 79).

DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
“As doenças transmissíveis podem ser caracterizadas como doenças cujo agente etiológico é vivo e transmissível, podendo a infecção ser veiculada por um vetor, ambiente ou indivíduo” (Beserra et al., 2006, p. 403).

DOENÇAS OCUPACIONAIS
“A lista de doenças ocupacionais da Previdência Social constante do Anexo II do Decreto n. 3.048/99 indica o grupo dos chamados “transtornos mentais e do comportamento relacionados com o trabalho”, apontando como fatores dessas doenças problemas com o emprego e com o desemprego, condições difíceis de trabalho, ritmo de trabalho penoso, reação após acidente grave, reação após assalto no trabalho, desacordo com o patrão e colega de trabalho, circunstâncias relativas às condições de trabalho, má adaptação à organização do horário de trabalho, etc” (Teixeira, 2007, pg. 36). 
  
  • ENFERMIDADE POR SISTEMA, ÓRGÃO OU REGIÃO DO CORPO:
As enfermidades podem ser analisadas sob sua abrangência em conotação de instalação e/ou surgimento, e alojamento sob a perspectiva de influência e/ou atuação em órgãos e sistemas. Neste âmbito, pode-se conceituar enfermidade por sistema como sendo as doenças internas, “que afetam o organismo como um todo ou grande parte dele” (Michaelis, 2016); enfermidades por órgão podem ser definidas como àquelas que se limitam a determinados órgãos, sendo portanto, órgãos-específicas como a doença de Graves, que “ caracteriza-se por aumento difuso e hiperatividade da glândula tireoide (Andrade et al., 2004).
Nesta perspectiva de enfermidade sob distintos níveis de abrangência pode-se usar as doenças falciformes como exemplo (Zago & Pinto, 2007). Inicialmente as alterações ocorrem em nível micro, relacionadas a regiões específicas de moléculas e células, como mutações na hemoglobina; em seguida, a nível de tecidos e órgãos ocorrem alterações que resultam em isquemia, inflamação, lesão microvascular, entre outros; e a nível sistêmico acarreta em insuficiência de múltiplos órgãos, sendo ainda responsável, em nível macro de organismo por dor e anemia hemolítica.
Informações relevantes referentes às doenças podem ser conferidas na Classificação Internacional de Doenças (CID) (CID-10, 2016), a qual codifica as doenças e outros problemas relacionados a saúde, como apresentado na Tabela 01 (Castro & Carvalho, 2005). Nestes agrupamentos é possível identificar doenças associadas a órgãos específicos, como o grupo das doenças do fígado, que possuem código no CID-10 de K70 a K77; assim como, identificar doenças que estão associadas ao mesmo sistema, como as do sistema nervoso que possuem código no CID-10 de G00 a G99, e doenças que ocorrem em regiões específicas, como as doenças genitais femininas que possuem código de N60-N98.
  
 Tabela 01: Agrupamento das categorias na Classificação Internacional de Doenças (Castro & Carvalho, 2005).
  

   
  •   OUTROS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO: 
Além da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), existem outros critérios de classificação como o CID-O (Classificação Internacional de Doenças para Oncologia), CIF (Classificação Interacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde), CIAP (Classificação Internacional de Atenção Primária), e DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).
A CID-O tem sido utilizada “principalmente em registros de câncer para codificação topográfica e morfológica das neoplasias, e, geralmente é baseada no relatório e diagnóstico anátomo patológico” (CID-O/OMS, 2005, pg. 11). A CIF “não classifica pessoas, mas descreve a situação de cada pessoa dentro de uma gama de domínios de saúde ou relacionados com a saúde. Além disso, a descrição é sempre feita dentro do contexto dos fatores ambientais e pessoais” (CIF/OMS, 2004, p. 12). A CIAP é “uma poderosa ferramenta que permite classificar não só os problemas diagnosticados pelos profissionais da saúde, mas principalmente os motivos da consulta e as intervenções acordadas seguindo a sistematização SOAP (subjetivo, objetivo, avaliação e plano)” (CIAP/OMS, 2010, pg. Vii). O DSM “pode servir como orientação aos clínicos para identificar os sintomas mais proeminentes que devem ser avaliados ao se diagnosticar um transtorno” (DSM, 2014, pg. 5).

  
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BESERRA EP, ARAÚJO MFM & BARROSO MGTB. Promoção da saúde em doenças transmissíveis – uma investigação entre adolescentes. Acta Paulista de Enfermagem, 2006, v. 19, p. 402-407.

BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE – BVS. 2016. Acessado em fevereiro de 2016. Disponível em:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013, 28 p.

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BUENO V & PPACHECO-SILVA. Tolerância oral: uma nova perspectiva no tratamento de doenças autoimunes. Revista da Associação Médica Brasileira, 1999, v. 45, p. 79-85.

CAMARGO EP. Doenças tropicais. Estudos Avançados, 2008, v. 22, p. 95-110.

CASTRO MSM & CARVALHO MS. Agrupamento da Classificação Internacional de Doenças para análise de reinternações hospitalares. Caderno de Saúde Pública, 2005, v. 21, p. 317-323.

CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE ATENÇÃO PRIMÁRIA – CIAP 2. World Organization of National Colleges, Academies, and Academic Associations of General Practitioners/Family Physicians Classificação Internacional de Atenção Primária (CIAP 2) / Elaborada pelo Comitê Internacional de Classificação da WONCA (Associações Nacionais, Academias e Associações Acadêmicas de Clínicos Gerais/Médicos de Família, mais conhecida como Organização Mundial de Médicos de Família); Consultoria, supervisão e revisão técnica desta edição, Gustavo Diniz Ferreira Gusso. – 2. ed. – Florianópolis: Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 2009, 200 p.

CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS E PROBLEMAS RELACIONADOS À SAÚDE – CID 10. 2016. Acessado em fevereiro de 2016. Disponível em: <http://www.medicinanet.com.br/cid10/a.htm>

CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS PARA ONCOLOGIA – CID - 0 – Classificação Internacional de Doenças para Oncologia / Organização Mundial de Saúde; editores Constance Percy, Valerie Van Holten, Calum Munir; tradução Fundação Oncocentro de São Paulo. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fundação Oncocentro de São Paulo, 2005, 249 p.

CLASSIFICAÇÃO INTERACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE – CIF - Classificação Interacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde/Organização Mundial de Saúde; Tradução e revisão Amélia Leitão. Lisboa, 2004, 238 p.

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