“Enfermidade como o que o paciente sente quando ele
vai ao médico e doença como o que o paciente tem ao voltar para casa do consultório
médico. Doença, então, é algo que um órgão tem; enfermidade é algo que um homem
tem. Enfermidade se refere à resposta subjetiva do paciente ao fato de não
estar bem; como ele e aqueles ao seu redor percebem a origem e o significado
desse evento; como isso afeta seu comportamento ou relacionamentos com outras
pessoas; e os passos que ele toma para remediar essa situação” (Helman & Middlesex,
2009, pg. 120).
- ENFERMIDADE POR CURSO CLÍNICO:
DOENÇA AGUDA:
“Aquela cujos sintomas evoluem rapidamente, com
características mais ou menos violentas, atingindo logo um estado crítico a
que, em geral, se segue a recuperação ou a morte” (Michaelis, 2016).
DOENÇA CRÔNICA:
“Aquela que, no início, apresenta sintomas
pouco perceptíveis, evoluindo lentamente, com longa duração e terminando, em
geral, com a morte” (Michaelis, 2016).
“As doenças crônicas compõem o conjunto de
condições crônicas. Em geral, estão relacionadas a causas múltiplas, são
caracterizadas por início gradual, de prognóstico usualmente incerto, com longa
ou indefinida duração. Apresentam curso clínico que muda ao longo do tempo, com
possíveis períodos de agudização, podendo gerar incapacidades. Requerem
intervenções com o uso de tecnologias leves, leve-duras e duras, associadas a
mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo que nem sempre
leva à cura” (Brasil, 2013, pg. 5).
DOENÇA RECORRENTE:
“Recidiva pode ser definida como o reaparecimento
da doença no sítio da doença anterior (recorrência) e/ou em novos sítios
(extensão) após uma terapia inicial e uma resposta completa” (Yahalom et al.,
2000, pg. 1291).
DOENÇA INTERMITENTE:
“Que tem interrupções ou sofre intermitências; que
para durante intervalos. Diz-se da febre que se manifesta por acessos
intervalados” (Michaelis, 2016).
- ENFERMIDADE POR FATOR ETIOLÓGICO:
DOENÇA INFECCIOSA:
“Quando o agente infeccioso penetra,
multiplica-se ou desenvolve-se no hospedeiro, sem causar danos nem
manifestações clínicas, considera-se a infecção subclínica, inaparente ou
assintomática. Outras vezes, porém, por ação mecânica, por toxinas, por reação
inflamatória ou hipersensibilidade ocorre o conflito parasito-hospedeiro, com
destruição tissular e manifestações clínicas e patológicas, caracterizando a
doença infecciosa” (Biblioteca Virtual em Saúde, 2016).
DOENÇA DEGENERATIVA:
“São doenças
progressivas e que interferem na qualidade de vida de seus portadores” (Fowler
& Sá, 2009, pg. 225).
DOENÇA NEOPLÁSICA:
“Processo patológico de crescimento celular
descontrolado, que resulta na formação de tumor. Que se refere a neoplasia. Que
apresenta neoplasia” (Michaelis, 2016).
DOENÇA METABÓLICA:
“São doenças que afetam todo o organismo e podem se
manifestar em qualquer faixa etária (...) Os erros inatos do metabolismo (EIM)
são distúrbios de natureza genética que geralmente correspondem a um defeito
enzimático capaz de acarretar na interrupção de uma via metabólica. Ocasionam,
portanto, alguma falha de síntese, degradação, armazenamento ou transporte de
moléculas no organismo. Tais erros do metabolismo são considerados a causa das
Doenças Metabólicas Hereditárias (DMH) em que a ausência de um produto
esperado, acúmulo de substrato da etapa anterior interrompida ou o surgimento
de uma rota metabólica alternativa podem levar ao comprometimento dos processos
celulares” (El Husny & Fernandes-Caldato, 2006, p. 41).
DOENÇA TÓXICA:
“São síndromes que têm como agente uma toxina
ou uma substância química. A presença de substâncias químicas tóxicas, como os
pesticidas, pode ser consequência de uso indevido na produção primária de
vegetais e animais. Produtos tóxicos, como os resíduos de drogas veterinárias,
medicamentos antiparasitário, antibióticos e determinadas classes de hormônios
não tolerados podem causar intoxicação, por falha na aplicação e no cumprimento
do período de carência. Os contaminantes inorgânicos (metais pesados, como
mercúrio, chumbo e cádmio) podem estar presentes como consequência de seu uso
na composição de alguns pesticidas ou por dejetos industriais e de mineração no
meio ambiente” (Gava et al., 2008, pg. 130).
DOENÇA GENÉTICA:
“Genetic diseases are
caused by abnormalities in a person’s DNA. These can be as simple as a single nucleotide
mutation in a single gene, or as complex as deletions and rearrangements of
parts of or entire chromosomes” (Hentze & Muckenthaler, 2009, pg. 53).
“Doenças genéticas são causadas por alterações no
DNA dos indivíduos. Estas alterações podem ser simples, como uma mutação em um
único nucleotídeo em um gene, ou complexas, como deleções e rearranjos de
partes cromossômicas ou de cromossomos inteiros”.
DOENÇA PSICOGÊNICA:
“O termo ‘psicogênico’ deriva do grego e significa
“criado pela alma”. De fato, nos distúrbios de natureza psicogênica, não se
encontra nenhuma lesão estrutural ou alteração neuroquímica conhecida. Portanto,
trata-se de um desafio tanto diagnóstico quanto terapêutico” (Rosso et al.,
2010, pg. 51).
DOENÇA IDIOPÁTICA:
“Afecção que tem causa desconhecida e da qual
se diz ser gerada por si mesma” (Michaelis, 2016).
“Terão causa indefinida após uma investigação
detalhada” (Criado et al., 1999, pg. 349).
DOENÇAS
NEGLIGENCIADAS
“O
significado original de “não escolhida”, “não lida”, foi absorvendo mudanças e,
hoje, carrega a interpretação de “menosprezo”, “pouca atenção” e “descaso”.
Essas doenças não despertam o interesse da indústria farmacêutica, por falta de
demanda e não recebem para sua pesquisa e estudo, um apoio significativo. É uma
situação “viciosa”, o menos conceituado por falta de conhecimento justificando
o menos conhecido por falta de recursos” (Souza, 2010, pg. X).
DOENÇAS
SISTÊMICAS
“São doenças internas” (Criado et al., 1999,
pg. 349).
“Que afetam o organismo como um todo ou grande
parte dele” (Michaelis, 2016).
DOENÇAS
TRANSMISSÍVEIS EMERGENTES E REEMERGENTES
“Doenças transmissíveis emergentes são as que
surgiram, ou foram identificadas, em período recente ou aquelas que assumiram
novas condições de transmissão, seja devido a modificações das características
do agente infeccioso, seja passando de doenças raras e restritas para constituírem
problemas de Saúde Pública. Reemergentes, por sua vez, são as que ressurgiram,
enquanto problema de Saúde Pública, após terem sido controladas no passado”
(Brasil, 2005, pg. 16).
DOENÇAS
TROPICAIS
“A designação se refere a doenças infecciosas que
proliferam em condições climáticas quentes e úmidas” (Camargo, 2008, pg. 95).
DOENÇAS
AUTOIMUNES
“As doenças autoimunes são causadas por uma resposta
inadequada do sistema imune, que passa a reagir contra órgãos, tecidos ou
células próprias, levando à sua destruição ou prejudicando sua função adequada”
(Bueno & Silva, 1999, pg. 79).
DOENÇAS
TRANSMISSÍVEIS
“As doenças transmissíveis podem ser caracterizadas
como doenças cujo agente etiológico é vivo e transmissível, podendo a infecção
ser veiculada por um vetor, ambiente ou indivíduo” (Beserra et al., 2006, p.
403).
DOENÇAS
OCUPACIONAIS
“A lista de doenças ocupacionais da Previdência Social
constante do Anexo II do Decreto n. 3.048/99 indica o grupo dos chamados “transtornos
mentais e do comportamento relacionados com o trabalho”, apontando como fatores
dessas doenças problemas com o emprego e com o desemprego, condições difíceis
de trabalho, ritmo de trabalho penoso, reação após acidente grave, reação após
assalto no trabalho, desacordo com o patrão e colega de trabalho,
circunstâncias relativas às condições de trabalho, má adaptação à organização
do horário de trabalho, etc” (Teixeira, 2007, pg. 36).
- ENFERMIDADE POR SISTEMA, ÓRGÃO OU REGIÃO
DO CORPO:
As enfermidades podem ser
analisadas sob sua abrangência em conotação de instalação e/ou surgimento, e
alojamento sob a perspectiva de influência e/ou atuação em órgãos e sistemas.
Neste âmbito, pode-se conceituar enfermidade por sistema como sendo as doenças
internas, “que afetam o organismo como um todo ou grande parte dele”
(Michaelis, 2016); enfermidades por órgão podem ser definidas como àquelas que
se limitam a determinados órgãos, sendo portanto, órgãos-específicas como a
doença de Graves, que “ caracteriza-se por aumento difuso e hiperatividade da
glândula tireoide (Andrade et al., 2004).
Nesta perspectiva de
enfermidade sob distintos níveis de abrangência pode-se usar as doenças
falciformes como exemplo (Zago & Pinto, 2007). Inicialmente as alterações
ocorrem em nível micro, relacionadas a regiões específicas de moléculas e
células, como mutações na hemoglobina; em seguida, a nível de tecidos e órgãos
ocorrem alterações que resultam em isquemia, inflamação, lesão microvascular,
entre outros; e a nível sistêmico acarreta em insuficiência de múltiplos
órgãos, sendo ainda responsável, em nível macro de organismo por dor e anemia
hemolítica.
Informações relevantes
referentes às doenças podem ser conferidas na Classificação Internacional de
Doenças (CID) (CID-10, 2016), a qual codifica as doenças e outros problemas
relacionados a saúde, como apresentado na Tabela 01 (Castro & Carvalho,
2005). Nestes agrupamentos é possível identificar doenças associadas a órgãos
específicos, como o grupo das doenças do fígado, que possuem código no CID-10
de K70 a K77; assim como, identificar doenças que estão associadas ao mesmo
sistema, como as do sistema nervoso que possuem código no CID-10 de G00 a G99,
e doenças que ocorrem em regiões específicas, como as doenças genitais
femininas que possuem código de N60-N98.
Tabela 01: Agrupamento das categorias na
Classificação Internacional de Doenças (Castro & Carvalho, 2005).
- OUTROS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO:
Além da Classificação
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), existem outros
critérios de classificação como o CID-O (Classificação Internacional de Doenças
para Oncologia), CIF (Classificação Interacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde), CIAP (Classificação Internacional de Atenção Primária),
e DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).
A CID-O tem sido utilizada
“principalmente em registros de câncer para codificação topográfica e
morfológica das neoplasias, e, geralmente é baseada no relatório e diagnóstico
anátomo patológico” (CID-O/OMS, 2005, pg. 11). A CIF “não classifica pessoas,
mas descreve a situação de cada pessoa dentro de uma gama de domínios de saúde
ou relacionados com a saúde. Além disso, a descrição é sempre feita dentro do
contexto dos fatores ambientais e pessoais” (CIF/OMS, 2004, p. 12). A CIAP é “uma
poderosa ferramenta que permite classificar não só os problemas diagnosticados
pelos profissionais da saúde, mas principalmente os motivos da consulta e as
intervenções acordadas seguindo a sistematização SOAP (subjetivo, objetivo, avaliação
e plano)” (CIAP/OMS, 2010, pg. Vii). O DSM “pode servir como orientação aos
clínicos para identificar os sintomas mais proeminentes que devem ser avaliados
ao se diagnosticar um transtorno” (DSM, 2014, pg. 5).
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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